Aventais de algodão orgânico da AAO unem impacto zero com inclusão profissional de ex-detentos
20/09/2016 12:24
![]() O algodão orgânico e colorido da Paraíba já chama atenção de diversos países do mundo por sua qualidade e importância na renda dos pequenos agricultores do semi-árido. Seu cultivo é uma alternativa fundamental ao algodão convencional, considerado hoje uma das culturas mais impactantes em termos de quantidade de água e veneno utilizados. Plantações de algodão convencionais respondem por até 25% do uso de agrotóxicos no mundo, fazendo do algodão orgânico um produto cada vez mais valorizado. “Por ser tão
diferenciado, o algodão orgânico vai somente para peças especiais, como os
novos aventais produzidos para a AAO – Associação de Agricultura Orgânica.
Saber que serão usados pelos produtores orgânicos é parte dessa filosofia,
afinal lutamos pela mesma mudança de valores”, enfatiza Gerfriëd Gáulhofêr,
proprietário da marca PanoSocial, que desenvolveu os aventais usados hoje nas
feiras da AAO em São Paulo. A empresa
social vem se destacando ao aliar a produção têxtil sustentável, com a
matéria-prima comprada das cooperativas do Nordeste e fio indiano de uma malharia em Brusque, o consumo consciente e a
reciclagem. São milhares de camisetas, aventais, ecobags e uniformes já confeccionados
para o atacado e o varejo: em 100% algodão orgânico, em 100% PET reciclado (garrafas
que se transformam em fibras de poliéster) e em algodão feito com as aparas de
tecidos que iriam para o lixo, sempre com pigmentos naturais. Mas é na
mão-de-obra da empresa que se destaca o importante impacto transformador de seu
trabalho, por meio da formação de profissionais que já cumpriram pena em
prisões de São Paulo e hoje são contratados para a confecção das peças. Segundo
Gerfriëd, esse grupo costuma ter uma presença invisível no tecido social, mas
em oficinas de capacitação e especialização vem demonstrando grande talento e
potencial para colocação no mercado. De fato,
trata-se de um importante caminho para afastar as pessoas da violência, pois
estudos mostram que cerca de 70% dos crimes cometidos em São Paulo ocorrem entre
a população de ex-detentos. Hoje, a PanoSocial conta com quatro egressos de
prisões na equipe da empresa e busca condicionar o contrato com seus
fornecedores à geração de oportunidades para esses aprendizes. “É possível
unir a questão social à ambiental, mostrando para a sociedade o potencial desses
indivíduos e investindo em seu desenvolvimento humano”, destaca Gerfriëd, que
criou a marca com a sócia Natacha Barros há poucos anos e já planeja ter até 18
funcionários em 2017, sempre reinvestindo o lucro no próprio negócio para gerar
impactos positivos crescentes. Todo o
trabalho parte do conceito “do berço ao berço”, onde não existe o conceito de
lixo mas onde os resíduos são nutrientes e fonte de novos materiais, dentro de
um ciclo contínuo. Busca-se o zero impacto ambiental no processo de produção de
tecidos, assim como a conscientização do consumidor para a real necessidade de
compra de bens. A marca trabalha
com costureiros, estampadores e um estilista chefe, egresso do sistema
carcerário e recentemente descoberto pelos empreendedores. “Foi uma satisfação
descobrir essa pessoa, com grande habilidade na criação das peças, e parceira
em nossa filosofia de trabalhar cada vez menos com a moda, algo variável
conforme a época, e mais com produtos atemporais e duradouros”, finaliza o
empreendedor. Categoria(s):
Agricultura Orgânica
|